quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Psicologia Positiva e o processo de Coaching

" A psicologia positiva e o processo de coaching são praticamente a mesma coisa no meu ponto de vista". Essa afirmação feita  ao vivo pelo psicólogo e palestrante Martin Seligman no I encontro de Psicologia Positiva realizado dia 20 e 21 de Outubro no Rio de Janeiro vai de encontro à uma interessante interseção entre Psicologia, Coaching e Neurociências na contemporaneidade.
As Neurociências afirmam que quanto mais se "pensa, reflete ou recorda" sobre qualquer experiência, pensamento ou sentimento mais esses registros serão fortificados e estabelecidos em nosso cérebro. Isto é, quanto mais se pensa em sentimentos negativos, problemas ou traumas maior aquele circuito neural se tornará em seu córtex cerebral.
Isso significa que a ideia da Psicologia e do Coaching de se "trabalhar" aspectos positivos, levantar soluções para os impasses ou estabelecer metas e objetivos visando o crescimento pessoal faz todo o sentido com o pressuposto das Neurociências.
Estas ideias, no entanto, não negam que exista o problema ou que não aconteçam fatos negativos. Contudo buscam amplificar a rede de possibilidades de soluções e resoluções de tais problemas, ao invés de um mergulho nos mesmos.
Estes pensamentos mudam perspectivas de estudos, teorias e pesquisas que possam se basear no "que pode dar certo" como cita os Titãs em uma de suas músicas...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O mundo executivo e as funções executivas...




Como neuropsicóloga e coach venho esclarecer a diferença entre os termos  "funções executivas" (FEs) (em uma avaliação neuropsicológica) e as "funções de executivos" em qualquer organização. Nunca pesquisei o fato, porém é possível que o termo FEs (na neuropsicologia) tenha surgido ou sido inspirado nas funções dos executivos propriamente ditos. Não sei, de qualquer forma, já percebi semelhanças entre as funções dos dois e também uma certa confusão na nomenclatura das FEs quando estamos em cenário corporativo.

Digo isso porque dando um treinamento, em uma empresa, um dias desses, onde havia abordado questões referentes às neurociências e à neuropsicologia (em especial explicando as FEs), percebi a confusão. Uma aluna entendeu que as FEs são as funções exercidas pelos executivos. NÃO É ISSO!! Pode haver inspiração, contudo são funções bem distintas!

As FEs são um conjunto de funções cognitivas divididas em:
  1. Memória operacional
  2. Controle inibitório
  3. Flexibilidade cognitiva
  4. Planejamento
"Funções executivas (FE) referem-se à capacidade de engajamento em comportamento orientado a objetivos, realizando ações voluntárias e auto-organizadas."

"Sumariando, as funções executivas envolvem diferentes componentes, tais como seleção de informações, integração de informações atuais com informações previamente memorizadas, planejamento, monitoramento e flexibilidade (Gazzaniga e colaboradores, 2002; Lezak, 1995). Tal complexidade cognitiva reflete-se nas vastas conexões entre sua base neurológica, especialmente o córtex pré-frontal, e outras regiões encefálicas."


Como percebe-se no texto acima, as FEs podem ser avaliadas através de testes neuropsicológicos, e ajudam na construção do diagnóstico diferencial de alguns transtornos mentais. Atualmente já temos muitas imagens funcionais (RMf) de tarefas exercidas no córtex pré-frontal (entre outras áreas) utilizando as FEs.

É também verdadeiro que os executivos  utilizam muitas das funções cognitivas, citadas nas FEs, como a capacidade de planejar em curto e longo prazo e serem flexíveis da maneira de pensar suas ações, por exemplo. A princípio isso é apenas uma coicidência (até que provem ao contrário).


Tenho uma hipótese de que os líderes possuem suas FEs (memória operacional, flexibilidade cognitiva, planejamento e controle inibitório) um pouco mais "treinadas" ou desenvolvidas para que possam exercer um cargo de liderança com sucesso.


Concluindo: que saibamos utilizar nossas FEs com sabedoria!



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Filtros mentais



(http://www.google.com.br/search?tbm=isch&hl=pt-BR&source=hp&biw=948&bih=482&q=escher+obras&gbv=2&oq=escher&aq=2&aqi=g10&aql=&gs_sm=c&gs_upl=2359l4109l0l8203l6l6l0l0l0l0l421l1702l2-1.3.1l5l0)

Os filtros mentais são as lentes que usamos para perceber o mundo. Este mecanismo psíquico é comum e adaptativo, pois de alguma forma, economiza-se "energia" nas resoluções de problemas, tomadas de decisões e no gerenciamento do nosso tempo. Imagine se toda vez que formos resolver algo tentarmos analisar os vários pontos de vista! Seria estressante, não?
Portanto é compreensível que utilizemos nossas lentes mais apropriadas a partir das nossas experiências. Em outras palavras os filtros são as interpretações que damos aos vários "objetos" do mundo e um ponto de vista que esteja alinhado com nossas crenças, valores e pensamentos automáticos.
Contudo o filtro mental pode causar danos graves e gerar comportamentos  e pensamentos inadequados. O escritor e neurocientista John Leher, no seu livro How we decide (2009), descreve vários casos interessantes sobre consequências (às vezes fatais) de nossos filtros mentais rígidos ou apenas conta histórias engraçadas sobre como enxergamos os fatos, segundo nosso filtro mental. Por exemplo (adaptando a ideia): como os eleitores da Dilma analisariam as quedas dos ministros nos seus primeiros meses de governo? Como os eleitores de outros partidos analisam o mesmo fenômeno? Os fatos são os mesmos, certo? Esse é o ponto: talvez não existam fatos isolados de versões ou de cenários.
A neurociência classificaria um filtro mental como um circuito neural muito utilizado explicando sua eficiência e economia neural.
No processo de coaching é importante que o coach perceba qual o filtro mental do seu coachee para que se possa ajustá-lo aos seus objetivos da maneira mais confortável possível. Nem sempre isto é fácil ou realista...mas como tem nos ensinado a psicologia positiva: um coach deve ser otimista e acreditar nas mudanças dos coachees. Sempre!

segunda-feira, 28 de março de 2011

COACHING É SAÚDE

COACHING É SAÚDE

Em uma matéria publicada na Veja sobre coaching para gestantes (http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2189/coach-gestantes) é possível observar alguns elementos que insere o coaching na área de saúde, neste caso o coaching aplicado à medicina.

O campo de atuação do coaching é vasto, ele inclui os esportes, as organizações corporativas, a arte cênica, a educação e neste momento vem crescendo o coaching pessoal (conhecido também como life) e na área da saúde como descreve a matéria citada acima.

            “O coaching compartilha uma ampla abordagem e tem similaridades com treinamento, ensino, consultoria, aconselhamento profissional, terapia e mentoring. No entanto, há também algumas diferenças fundamentais.” (Lages & O’Connor, 2004)

A vastidão do alcance do coaching pode levantar a seguinte questão: então o coaching é uma "disciplina" que pode ser aplicada a todos os tipos de profissão e interesses? A resposta é sim, quase todas as áreas que lidam com o ser humano podem fazer uma interseção com o coaching. Por isso podemos afirmar que o coaching é uma prática essencialmente interdisciplinar.

Por quê? Porque o objetivo maior do coaching é o desenvolvimento do indivíduo. E partindo deste princípio, basta ser humano e querer melhorar sua performance e desempenho em alguma área de sua vida para poder utilizar o processo de coaching da melhor forma possível.
           
“De um modo geral, o coaching lhe dá a satisfação de ajudar as pessoas de uma maneira notadamente marcante. Também é possível aplicar suas aptidões para orientar a si próprio. Ele é um conjunto de recursos e uma profissão muito valiosa, que se encontra em contínua expansão.” (Lages & O’Connor, 2004)

Existem especializações em tipos de aplicação de coaching?  Teoricamente um coach está apto para fazer coaching em diversas áreas, porém da mesma forma que um médico, psicólogo, dentista escolhem uma especialização isto também ocorre com o coach profissional. A formação, a experiência anterior e atual de cada coach irá diferenciá-lo em diversos nichos de acordo com seu histórico profissional.

O coaching é portanto, uma profissão que está dando seus primeiros passos e assim como uma criança em desenvolvimento vislumbra um futuro a ser explorado pela curiosidade humana.

segunda-feira, 21 de março de 2011

PONTOS PARA REFLEXÃO: CONTINUAÇÃO

Como psicóloga e coach acredito que o processo de coaching e a psicoterapia coexistem como ferramenta de desenvolvimento individual em diversos contextos, ou seja, um não elimina a necessidade do outro, muito pelo contrário eles se complementam. E por isso a afirmação unânime de que coaching não é terapia está corretíssima. Até porque o processo de coaching é realizado em um período de tempo curto e a terapia não leva um tempo tão pequeno para atingir seus objetivos mais globais.
Outro ponto de diferença é o fato das psicoterapias terem um foco maior nas crenças e pensamentos disfuncionais, ou falando psicanaliticamente, no movimento do aparelho psíquico (ID/EGO/SUPEREGO) do que nos objetivos/metas a serem atingidos. O coaching aborda em seu processo mais mudanças comportamentais do que as cognitivas ou emocionais, isto não quer dizer que ele não beire estas questões com suas perguntas poderosas.
De qualquer forma um bom coach deve saber quando a indicação é de psicoterapia e de coaching, ou somente de psicoterapia ou de coaching.
Contudo se formos analisar os objetivos de ambas as disciplinas de maneira analítica, eles tem muito em comum: a meta de desenvolvimento do ser humano (como foi colocado na última postagem). O que isto quer dizer na prática? Isto significa que a técnica ou métodos utilizados são diferentes, porém o alicerce (até mesmo teórico) nem tanto. Podemos observar semelhanças entre a psicologia cognitiva comportamental, psicologia comportamental e do psicodrama por exemplo.
Atualmente, podemos afirmar que o coaching, em alguns casos, adotou métodos como o neurocoaching e o coaching ontológico, onde se percebe influências explícitas destas disciplinas: a neurociência e a filosofia.
Enfim a pergunta para terminar seria: de onde surgiu o coaching afinal? Quais são seus alicerces teóricos? Como esta disciplina foi ou está sendo construída como tal?

terça-feira, 1 de março de 2011

PONTOS PARA REFLEXÃO: COACHING E PSICOLOGIA


Como psicóloga e coach gostaria de iniciar este texto, com uma temática delicada e polêmica no ambiente corporativo e no universo do coaching: a afirmação de que coaching não é terapia. Esta afirmação é quase unânime em livros, cursos, sites e blogs sobre coaching.
Comecemos com algumas definições básicas, porém fundamentais.
Ok, coaching não é terapia. Contudo os objetivos do coaching e das psicoterapias são bastante próximos. Vejamos os objetivos de cada um:
Objetivos do coaching:
  • Promover o auto-desenvolvimento pessoal.
  •  Incentivar a melhora da performance em vários níveis: cognitivo, comportamental e social.
  •  Atuar no aprimoramento dos relacionamentos intra e interpessoal.
  • Gerar insights.
  • Trabalhar a comunicação eficaz.
  •  Utilizar ferramentas customizadas.
  •  Fazer perguntas poderosas.
  •  Apoiar.
Objetivos da psicoterapia:
  •  Gerar mudanças em diferentes níveis: comportamentais, emocionais, sociais e cognitivos.
  •   Melhorar a adaptação do indivíduo no meio em que vive.
  •   Aprimorar os relacionamentos inter e intrapessoais.
  •  Promover o auto-desenvolvimento pessoal.
  •  Auxiliar no processo de insight.
  •  Acolher.
  • Fazer perguntas instigantes.

Silêncio. Ponto para reflexão. Qualquer semelhança será mera coincidência???

(Continua na próxima postagem)